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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O consumo de cerveja preta aumenta a produção de leite?



O ato de amamentar é um dos mais importante que uma mulher durante a primeira infância de seu filho, porque é quando ela doa muito mais do que nutrientes: doa amor, carinho, afeição, como já citei em Amamentação: o resgate do poder feminino.

Isso ocorre porque, durante a amamentação, o corpo feminino libera uma quantidade enorme de ocitocina. Os hormônios são os responsáveis pela manifestação das nossas emoções. Assim, a ocitocina é responsável pela manifestação do amor, o que também o torna responsável pelo vinculo entre mãe e filho.

Então, um ato transcendental como a amamentação, também é cercado por inúmeros mitos, dentre os quais podemos citar: "que o consumo de cerveja preta aumenta a produção de leite".

Propaganda de cerveja como um estimulante para a lactação no fim do século 19

Este mito nasceu quando uma industria de cerveja norte-americana divulgou que o salsodinol, um dos componentes da cerveja escura, estimularia a produção de prolactina, hormônio responsável pela produção de leite.

Somente após muitas pesquisas descobriu-se que esta substância não tem efeito na produção de leite.O que comprova que, o ato de beber cerveja durante a amamentação, é um mito.

O que realmente faz a mulher produzir uma quantidade maior de leite é ingerir água, ou seja, liquido.

Muito tempo se passou e este mito, além de se manter como uma verdade, foi reforçado, pois inúmeras mulheres acham mais prazeroso, ingerir bebida alcoólica (cerveja), do que água ou suco natural, afinal tudo é liquido.

Mas quais as consequência deste ato: a ingestão de bebida alcoólica durante a amamentação?

O álcool contido na cerveja e em outras inúmeras bebidas alcoólicas, quando ingerido por nutrizes ( mulheres que estão amamentando), interfere na qualidade e sabor do leite produzido.

Isso ocorre, porque o leite é produzido glândulas mamárias da seguinte forma: o sangue materno passa por estas glâdulas, há um aumento na produção de prolactina que age na transformação de sangue em leite. Assim, a mesma quantidade de álcool circulante no sangue materno estará presente em seu leite.

Quantidade de álcool contido no sangue de um individuo de 70kg e seus efeitos:
Quantidade de álcool por litro de sangue (em gramas)*
Efeitos
0,2 a 0,3 g/l - equivalente a um copo de cerveja, um cálice pequeno de vinho, uma dose de uísque ou outra bebida destilada
As funções mentais começam a ficar comprometidas. A percepção da distância e da velocidade são prejudicadas
0,3 a 0,5 g/l - dois copos de cerveja, um cálice grande de vinho, duas doses de bebidas destiladas
O grau de vigilância diminui, assim como o campo visual. O controle cerebral relaxa, dando sensação de calma e satisfação
0,51 a 0,8 g/l - três ou quatro copos de cerveja, três copos de vinho, três doses de uísque
Reflexos retardados, dificuldades de adaptação da visão a diferenças de luminosidade, super estimação das possibilidades e minimização de riscos e tendência à agressividade
0,8 a 1,5 g/l - a partir dessa taxa, as quantidades são muito grandes e variam de acordo com o metabolismo, com o grau de absorção e com as funções hepáticas de cada indivíduo
Dificuldades de controlar automóveis, incapacidade de concentração e falhas na coordenação neuromuscular
1,5 a 2,0 g/l
Embriaguez, torpor alcoólico, dupla visão
2,0 a 5,0 g/l
Embriaguez profunda
5,0 g/l
Coma alcoólica
Fonte: www.alcoolismo.com.br

A tabela acima  faz uma relação entre a quantidade de bebida alcoólica ingerida e seus sintomas,  mas a quantidade de álcool circulante no corpo varia com a massa corpórea de cada individuo, ou seja, seu peso e estatura.

Vale lembrar, que existe um periodo de eliminação do alcool ingerido que varia com a quantidade consumida, então mesmo que a mulher não amamente em quanto faz uso da bebida alcoolica, anida é capaz de transferir o alcool pelo seu leite.

Sendo assim, mesmo que a mulher consuma um copo de cerveja e a quantidade de álcool no seu corpo seja minima, no momento da amamentação ocorre a transferência do álcool para o bebê, o teor alcoólico no sangue do recém-nascido torna-se muito maior, o que leva a criança a ficar embriagada e sonolenta, pois o álcool age diretamente no seu sistema nervoso central.

Como o bebê dorme com facilidade, depois da ingestão do álcool contido no leite materno, ele amamenta por um período menor, o que interfere em seu sistema imunológico, que está em processo de formação e necessita dos anticorpos materno, para se defender de microrganismos.

Acarreta, ainda, na diminuição da produção de leite, pois além de ingerir liquido a mulher necessita de estimulo para ter uma produção adequada de leite, ou seja, o bebê precisa sugar , como a criança dorme um periodo muito longo, não mama, e assim não estimula a produção do leite, ocorrendo o desmame precoce.

Segundo a pesquisa de Thomas Trotter, o desmame precoce aumenta o risco de alcoolismo na fase adulta. Isso porque, o álcool produz uma sensação de prazer, que se confunde com o sentimento de amor que é gerado no momento da amamentação, mas como a mesma foi interrompida ocorre uma carência deste sentimento o que leva o adulto ao alcoolismo.

Então, consumir bebida alcoólica durante o periodo da amamentação, não leva ao aumento da produção de leite, mas, o contrario, ao desmame precoce e este traz efeitos muito mais drásticos do que os demostrados na tabela; interfere na formação e nas tendencias de um novo ser humano.

Textos complementares de leitura:

Bebida alcoólica – Blog um pouco de luz

O álcool e seus efeitos na gestação – Blog gestando vidas

O álcool – Livro Drogas: da dependência à liberdade consciente